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Intervista concessa dal Prelato dell'Opus Dei al "Jornal de Noticias" di Oporto (Portogallo), pubblicata sul numero del 31-V-1989.

Mons. Alvaro del Portillo, falando-nos sobre o nosso país mostrou-se profundo conhecedor da realidade portuguesa, exaltando o modo como os protugueses levavam a fé cristã ao Mundo. Quando lhe solicitámos uma opinião sobre como continuar essa tarefa, no Mundo actual, respondeu-nos:

Como fizeram até agora, que foi muito bem. Com muito garbo sobrenatural, con muito empenho apostólico.

Recordo que quando o nosso Fundador esteve no Brasil ficou admirado perante essa nação tão grande, tão acolhedora, e dizia que era como uma mãe grande, boa, forte, com os braços abertos para acolher o Mundo inteiro. E via todas as combinações possíveis do amor humano: japoneses casados com pessoas de cor, brancos com índios..., todas as combinações possíveis. E o nosso Fundador dizia: "Isto é um milagre, aqui há espírito cristão. E este milagre foi feito por Portugal".

Podeis e deveis continuar a fazer este milagre com muito amor de Deus, com o vosso sorriso e visão sobrenatural das coisas. Enchestes o mundo de gente portuguesa, de gente com espírito cristão e de gente que sabe amar, que sabe compreender. Podeis continuar a fazé-lo desta maneira, pensando que o passado é algo que se torna presente pelo amor, e que é preciso também continuá-lo, com a graça de Deus.

Que no vosso país a fé não se perca. Que se conserve, que aumente, porque é uma maravilha. Que não se perca a devoção a Nossa Senhora. Tendes um grande tesouro: Nossa Senhora de Fátima. Que não se perca esta união terna, filial, amorosa com a nossa Mãe do Céu. E assim, quando fordes de um lado para outro levareis estas verdades no vosso coração.

A missão dos leigos exerce-se, segundo o Vaticano II, na Igreja e no Mundo. Como podem realizar esta missão no trabalho profissional?

É muito cómodo ser cristão um dia por semana e nos restantes não. Os cristãos têm de o ser constantemente, coerentemente, tendo Deus sempre presente. O núcleo da mensagem difundida por Mons. Escrivá é que os cristãos devem viver sempre unidos a Deus Nosso Senhor, através das circunstâncias normais da sua vida quotidiana, especialmente do trabalho profissional, que têm de santificar realizando-o com perfeição humana e ofecerendo-o a Deus.

Um estudante, por exemplo, pode ter sobre a mesa de estudo uma imagem de Nossa Senhora ou um crucifixo. E, de vez em quando, olha para essa imagem ou crucifixo e oferece o estudo a Deus: faço-o por Ti. E, assim, o trabalho ou o estudo converte-se em oração.

Uma vez, o Santo Padre convidou-me para jantar. Estava à espera dele e ouvi, quando se aproximava, que arrastava os pés. Pensei que devia estar muito cansado.

Efectivamente, ao entrar na sala onde me encontrava, vi-o muito cansado e disse-lhe: Santo Padre, como está cansado! Mas ele respondeu com grande firmeza: "Não tenho direito a chegar a esta hora sem estar cansado. Se a esta hora não estivesse cansado, seria sinal de que não tinha cumprido com a minha obrigação".

Que lição estupenda! Trabalhar, ainda que custe, por amor a Deus, perseverando. E assim demonstramos que o fazemos por Ele e para servir aos outros, não apenas porque gostamos de trabalhar.

Como vê o Opus Dei a missão dos pais cristãos na educação dos filhos?

É evidente que, por lei natural, os pais têm que educar os filhos e que essa missão lhes corresponde primordialmente.

Os pais não são, desculpe a expressão, uns animaizinhos que põem no mundo outros animaizinhos. São filhas e filhos de Deus que trazem ao mundo novas criaturas para que sejam e se comportem como filhos de Deus. É esta a missão excelsa, maravilhosa, de um pai ou de uma mãe de família cristã.

Cada filho que nasce é uma prova de confiança de Deus com os pais de família. E é preciso corresponder com esforço, porque é muito cómodo dizer: que os eduquem no colégio, ou que o Estado se encarregue deles.

No entanto, também é verdade que os pais não podem chegar a tudo, sendo necessários meios subsidiários para instruir em todos os ramos do saber humano.

Com esta finalidade, alguns membros do Opus Dei, juntamente com amigos seus, promoveram colégios onde os filhos podem estudar todas as disciplinas impregnadas por um critério católico, de tal forma que se aproximem de Deus.

O nosso Fundador dizia que, nesses colégios, os pais são a parte fundamental, depois os professores e em terceiro lugar os alunos. E a razão é porque os filhos imitam o comportamento generoso ou egoísta dos pais. Se os pais, por exemplo, não quiserem ter filhos por egoísmo, não porque Deus não lhos mande, mas porque preferem ter mais aparelhos de televisão ou outros objectos de comodismo, o único filho ou filha que tiverem aprende também a ser egoísta. E quando os pais envelhecem, mandam-nos para um asilo, porque não os amam.

É uma coisa horrorosa que se evita, por exemplo, nestes colégios promovidos por pais, em que os alunos aprendem a ser bons cristãos e como bons cristãos amam, mais que ninguém, os seus pais.

Além disso, os pais, para educar os filhos, têm de ser amigos deles. Não devem estar sempre a ralhar ou a castigar. Às vezes é preciso fazer alguma dessas coisas. Mas é preciso, sobretudo, compreendê-los, desculpá-los, querer-lhes de tal maneira que confiem neles, para que os filhos sejam também amigos dos pais. Que a filha saiba que a melhor amiga que tem é a mãe e o filho, o melhor amigo que tem é o pai.

Deste modo, quando chegar a altura de perguntarem sobre assuntos íntimos, não o fazem com uma pessoa sem critério, sem sentido cristão ou desavergonhada. Perguntam à mãe ou ao pai.

Qual o papel dos cristãos na comunicação social, segundo a óptica do Opus Dei?

Os meios de comunicação social têm um grande poder para penetrar em todas as partes. Penetram inclusivamente nos lares de família, onde só se deixam entrar os bons amigos. Devem corresponder honrando esta confiança, respeitando a consciência de todos, especialmente a dos mais novos.

Os jornalistas cristãos hão-de encarar o seu trabalho profissional de tal maneira que se veja que está feito por pessoas com fé, sem vergonha de falar de Deus. Não nos é conveniente ter vergonha porque, além do mais, Cristo disse que se nos envergonhássemos d'Ele, Ele se envergonharia de nós.

A comunicação social é muito importante. O Fundador da Obra, desde muito jovem, desde o princípio da Obra, falava deste apostolado da opinião pública. E fez o que pôde para ajudá-lo, criando faculdades de jornalismo, de meios de comunicação social, animando muitos católicos a trabalhar como bons profissionais nos meios de comunicação social.

Monsenhor não ignora que em certos sectores da opinião pública o Opus Dei tem encontrado atitudes contrárias e opiniões críticas. Pode dar-nos a sua opinião sobre as causas deste fenómeno?

É natural que apareçam contradições. Também Cristo, que era Deus, as sofreu.

Jesus Cristo foi condenado à morte, não por gente má, mas pelas pessoas consideradas boas na sua época: os sumo-sacerdotes, os doutores da lei. Não podemos estranhar que haja pessoas boas que não nos compreendam. Fazem-no com boa-fé, com boa-vontade. Isso não nos preocupa porque a única coisa que queremos é servir a Deus com alegria e com constância.

Romana, n. 8, Gennaio-Giugno 1989, p. 116-118.

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